Riqueza, civilização e prosperidade nacional

quarta-feira, 19 de março de 2025

O Silêncio de Cavaco

Num interessante artigo de opinião publicado na edição de ontem do jornal Público, intitulado "O silêncio ensurdecedor do PSD", Pedro Norton, observa, sobre os casos de Luis Montenegro que trouxeram o derrube do Governo e do Parlamento deste Portugal adormecido: "O silêncio de que falo é o das dúvidas que não se levantaram, das vozes que não questionaram, dos incómodos que não se ouviram, das críticas, ainda que veladas, que não se fizeram".

Eu explico (como ex-militante do único partido em que militei): dos estatutos do PPD-PSD (que é assim que ainda se chama o partido, embora o PPD de Sá Carneiro esteja fora de moda) resulta para os militantes um dever de lealdade. Integrei o Conselho de Jurisdição do partido, onde nos debruçávamos, entre outras coisas essenciais para a democracia, sobre a falta de lealdade de membros do partido. Literalmente, mesmo comportando a possibilidade de divergências, no quadro da natural liberdade de expressão da opinião, existe a possibilidade de sancionar disciplinarmente um militante por falta de lealdade (os estatutos foram aprovados pelo Tribunal Constitucional). Por isso, para poder falar livremente sobre a rampa descendente em que se encontra o PPD-PSD, sem ser acusado de deslealdade, desfiliei-me.

Estranho que Cavaco Silva ainda não tenha feito o mesmo que eu.

Luis Miguel Novais