Mão amiga fez-me chegar cópia da Moção de Confiança hoje apresentada pelo Governo na Assembleia da República - vou tomar esta cópia por verdadeira, por não ter motivos para acreditar que quem ma enviou me quis enganar.
Intitula-se "Estabilidade efetiva, com sentido de responsabilidade"; enuncia as conquistas do Governo desde a sua tomada de posse, assumindo uma "verdadeira transformação positiva do País".
Chamou-me particularmente a atenção o facto de esta Moção de Confiança não vir assinada pelo atual Primeiro-ministro - que, de resto, se encontra hoje em Bruxelas. Foi assinada pelo Ministro de Estado e das Finanças, pelo Ministro da Presidência e pelo Ministro Adjunto e da Coesão Territorial. Apenas. Por esta ordem.
Se eu fosse Presidente da República, cairia na tentação de não dissolver o Parlamento, mesmo chumbada esta Moção de Confiança. Deixaria o atual Primeiro-ministro, entretanto demitido de moto próprio após o chumbo da mesma, a defender-se na Comissão Parlamentar de Inquérito (onde, como deputado, provaria, ou não, a inexistência de factos que tenham integrado violação de exclusividade de funções públicas). E convidaria o Ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Morais Sarmento, para Primeiro-ministro.
Não iríamos, assim, para eleições legislativas. Em prol da tal "estabilidade efetiva, com sentido de responsabilidade" que assina Sarmento.
Luis Miguel Novais