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Riqueza, civilização e prosperidade nacional

domingo, 19 de março de 2017

O mundo já não é plano (outra vez)

O mundo plano não era apenas uma imagem combatida pelos navegadores portugueses e espanhóis do século 16 que deram novos mundos ao mundo. Mais recentemente, com a ideia de globalização económica do século 20, fez novamente estrada a imagem do mundo plano, título do livro de Milton Friedman, de 2005, onde vem retratado um mundo sem fronteiras económicas, sem “proteccionismo”, de “comércio livre”, o suposto mundo do século 21, que se tem vindo a afirmar via Organização Mundial do Comércio. Esse mundo acabou de acabar, ontem, na reunião do G20, por imposição do presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump.

Ao contrário dos anteriores comunicados recentes do G20, onde havia um empenho pelo “comércio livre”, afirmado por essas que são as 20 grandes economias que mais fazem rodar o mundo das trocas, no comunicado de ontem, após a reunião em Baden-Baden, Alemanha, os 20 ficam-se pela afirmação de “cooperação”. Cai o empenho pelo “comércio livre”. Voltam as “ferramentas” de política monetária, fiscal, estrutural. Voltam as fronteiras (alguns dirão barreiras). Mantém-se o desejo de crescimento económico e sustentabilidade do sistema financeiro global. Reforça-se o combate unificado à utilização maliciosa das tecnologias de informação e comunicação digital.

Um mundo novo, novamente redondo, montanhoso, rugoso, realista, pleno de reciprocidades, está de volta, portanto, no eterno retorno do progresso do ser humano em direcção a uma sociedade mais justa. A página mudou, a música e a roda são as mesmas, porém. Como se canta e dança no meu rodado Minho natal: virou!

Luis Miguel Novais