Riqueza, civilização e prosperidade nacional

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Privatizadão

Como advogado, seria um incompetente caso, aconselhando um cliente na venda da sua empresa, não o advertisse para o facto de a venda das suas participações sociais não o libertar das garantias que tenha prestado a credores pela dívida da mesma.

Como cidadão, não me canso de me perguntar se o Governo deste Portugal adormecido não foi aconselhado a ponderar o mesmo relativamente à venda da Tap. E se foi, como me parece natural, em que sentido diligenciou?

O dia de ontem foi pleno de ambiguidades sobre esta questão: o consórcio comprador dos 61% liberta o Estado, pelo menos, de 61% das garantias prestadas aos credores pela dívida da Tap?

Sem a resposta a esta questão, não se consegue perceber qual foi o preço da privatização (os "proceeds", para usar a expressão técnica internacional).

E não é uma questão de somenos: são cerca de 610 milhões de euros, numa dívida de cerca de 1.000 milhões.

Estes cerca de 610 milhões de euros são, afinal, a diferença entre estarmos perante uma privatização ou uma incompetente privatizadão da Tap.

Luis Miguel Novais