Riqueza, civilização e prosperidade nacional

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Desmascarados

Nasci no lado errado da revolução de que, hoje, comemoramos 48 anos neste Portugal ainda adormecido.

Quando este Portugal Adormecido nasceu, há cerca de 14 anos, o Partido Socialista (atualmente no Governo de Portugal) e com ele forçosamente todos nós, tinha sido burlado por um Primeiro-ministro, José Socrates - segundo esta semana passada confessou em livro o atual Primeiro-ministro, António Costa.

Do "Estado Novo" de antes da revolução que hoje comemoramos, e que empenhou vidas e famílias de Portugueses por uma miríade de globalização unipessoal, assente a poeira do Tempo, também ficou só fumaça: Macau e Goa são hoje pouco mais do que casinos, geridos respetivamente pela China e pela Índia; os Estados africanos que integravam Portugal estão maioritariamente sob influência da Rússia (como se tem verificado pelas votações nas Nações Unidas após a recente invasão da Ucrânia). Sobra a independência de Timor-Leste; o que é significativo.

Apesar de ter nascido no lado errado da revolução de 25 de abril de 1974 (e ainda manter nas paredes do meu escritório os mapas  da minha quarta classe, em que Portugal era global), cresci e participei na construção de um país que aderiu aos valores ocidentais. Foi uma "sorte" que devemos aos heróis (ainda pouco conhecidos e reconhecidos) do 25 de novembro de 1976 - tinha eu 13 anos de idade.

Valores ocidentais, sim, porque a China e a Rússia vieram agora afirmar que não há valores universais - fazendo tábua rasa do consolidado, em termos de direito internacional, nas Nações Unidas, de há 75 anos para cá. A Rússia afirmou-o pela força das armas (esse lugar estranho à razão), invadindo outro Estado-membro das Nações Unidas. A China afirmou-o pela força da própria razão: tenta redefinir na própria Carta das Nações Unidas o conceito de democracia, seguindo o seu próprio modelo. Um modelo nada ocidental, que privilegia o colectivo sobre o indivíduo, que não assenta na Constituição, que não assenta na separação de poderes, que não assenta na limitação de mandatos, que não assenta na independência dos tribunais.

Neste dia em que deixámos cair as máscaras obrigatórias da pandemia, a democracia em Portugal ainda incorpora muitos mascarados que, pela sombra e calada, minam os valores ocidentais que devemos celebrar e continuar a defender como universais, em prol da liberdade individual nesta nossa nave especial.

Luis Miguel Novais