Riqueza, civilização e prosperidade nacional

domingo, 26 de dezembro de 2021

Voar na Torneira

Não nascemos com asas mas gostamos de voar. Na nossa geração, já voámos mais do que qualquer ser humano antes de nós, de que tenhamos conhecimento (já que, na definição da minha filha Beatriz na sua infinita sabedoria de quando tinha cinco anos, extra-terrestres "foram os primeiros que chegaram à Terra").

Nos anos 90 do século XX, a minha vida profissional levou-me a voar de e para todos os continentes. Coisa que, estou certo, muito poucos humanos haviam feito antes do advento da aviação comercial, pelos anos 50 do mesmo século.

Voei de (quase) todos os modos: de Concorde, entre Londres e Nova Iorque; em First entre Londres e Sydney; sobrevoando as Estepes entre Frankfurt e Pequim; mais de quinze horas seguidas no ar, entre Paris e Buenos Aires; contornando o Gulf Stream entre Madrid e México D.F.; e mais um longo etc., que inclui 30 países na Europa, África, Ásia e as Américas.

Como sempre vivi no Porto, raramente usei o hub de Lisboa da TAP. Porquê? A resposta vem (ironicamente) dada pela própria CEO atual (transitória) desta companhia aérea pública (em entrevista ao jornal Público de 24 de dezembro de 2021): "O Porto nunca será um segundo hub da TAP"... "quando se vê a geografia de Portugal percebe-se" ... "quem viva em Nice, por exemplo, tem duas opções (para ir para o Sul): ou vai por Paris ou vai por Lisboa". E quem vai do Porto para o Norte da Europa ou o resto do mundo, também vai por Lisboa?

As máquinas tradutoras devem ter traduzido TAP por torneira. O que também revela os erros de estratégia comercial de quem a dirige, desperdiçando como água o dinheiro público deste Portugal adormecido.

Luis Miguel Novais