Riqueza, civilização e prosperidade nacional

sábado, 18 de dezembro de 2021

Natal com Pombal

Não fôra a pandemia, por este Natal deveria estar publicado o meu novo livro Natal com Pombal (já registado no IGAC com este título). Ainda não foi desta. Paciência, haverá mais Natais.

Trata-se de mais uma tragédia portuguesa. Cujo protagonista é aquele personagem sobre quem todos temos uma opinião: o Marquês de Pombal (1699-1783). Apesar dos mais de 3.000 títulos sobre ele publicados, mergulhei em fontes primárias para formar a minha. Fiquei a conhecê-lo muito bem. Sobretudo a partir do seu arquivo pessoal e familiar, a hoje chamada Colecção Pombalina, que se encontra na Biblioteca Nacional de Portugal. Para facilitar a consulta, paguei do meu bolso a digitalização de uma parte deste arquivo - a título de mecenato, desde então consultável por todos. Satisfaz-me muito saber que este Portugal adormecido vai aplicar uma parte dos donativos europeus correntemente denominados por PRR ou "bazuca" na digitalização do remanescente. Assim, todos passaremos a conhecê-lo. E, porventura, mudar de opinião.

Com atualidade, destaco o seu empenho na reforma do ensino em Portugal. Foi sob o seu Governo que foram criadas escolas primárias e secundárias públicas e laicas. Tendo ele sido um nobre, fidalgo da Casa Real (ao contrário do que pretenderam muito bons autores como Latino Coelho, Camilo Castelo Branco ou Agustina Bessa Luís, os documentos que o comprovam encontrei-os na Torre do Tombo de Portugal), apercebeu-se de que aqueles que viriam governar o país não estavam a ser suficientemente educados para o ofício (seu pai era um intelectual das Academias de então, formou-o privadamente na Arte da História e na Arte da Política, conforme resulta de dois livros cuja digitalização suportei e são agora públicos). Criou, pois, um Real Colégio dos Nobres, para os educar no trivium, quadrivium e demais que (ainda) faz falta aos governantes. E fez traduzir para língua portuguesa instrumentos importantes para a educação, de então como de agora.

É o caso da minha prenda de Natal para si (à espera de poder vir a proporcionar-lhe no futuro o completo Natal com Pombal): Cícero sobre as Obrigações Civis. Trata-se de um livro fundamental (que eu coloco no meu top cinco dos clássicos de sempre), da autoria de Cícero, um autor romano que viveu entre 106 a.C.-43 a.C, traduzido pelo italiano Miguel Antonio Ciera, por encomenda do Marquês de Pombal (então ainda Conde de Oeiras), em 1766. Aí se encontra a base do que é ser civilizado, de há mais de 2.000 anos para cá. De grande atualidade.

Poderá (re)lê-lo aqui: «Os »tres livros de Cicero sobre as obrigações civis / traduzidos em lingua portugueza para uso do Real Collegio de Nobres.

Feliz Natal!

Luis Miguel Novais