Felicito Sir António Horta-Hosório pelo título. Dá gosto ver um país que reconhece o mérito, mesmo daqueles que nele não nasceram. Neste Portugal adormecido é mais pontapé no traseiro. Ou então como na anedota que corre no Minho: entra um padre num comboio com um balde destapado cheio de navalheiras, para horror generalizado dos passageiros; há um que não resiste e pergunta: o senhor padre não receia que alguma navalheira se escape? Não, são portuguesas - responde o sábio padre.
Há cerca de dez anos atrás sacrifiquei a minha confortável vida pessoal e profissional pelo bem público. Fui chamado, em agosto de 2011, para apagar um grande fogo que então ardia nas ruas e ameaçava transformar-se num Solidarnosc à portuguesa, no nosso caso a partir dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Ouvi a palavra pátria, dita pelo ministro que me chamou. Lá fui, na mesma semana, largando tudo.
Quem quiser dar-se ao trabalho de ouvir a minha audição no Parlamento sobre o assunto dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, no dia 20 de março de 2012, verificará que tive de bater a porta com estrondo para ser ouvido e impedir o encerramento dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Para acinte generalizado, salvo a honrosa excepção do Dr. João Soares que me fez um elogio de carácter, que agradeci - está tudo na gravação, em áudio ou vídeo (aqui).
Esta semana tive a felicidade de poder ler no Diário da República uma boa notícia relacionada com novas construções nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo: a Resolução do Conselho de Ministros nº72/2021, que autoriza a realização de despesa com vista à execução do programa de aquisição de seis NPO da classe «Viana do Castelo» destinados à Marinha Portuguesa, por mais de 350 milhões de euros.
Se os Estaleiros Navais de Viana do Castelo tivessem sido encerrados, não haveria onde construir estes seis navios em Portugal. Era mais dinheiro arrojado borda fora.
Como já dizia um, hoje esquecido, sábio velho ditado português: "a verdade não tem pés, mas caminha".
Luis Miguel Novais