O meu primeiro professor de inglês era um português da Índia, de turbante no Porto. Um dia, que ainda recordo, virou-se para mim e disse: "Já por cá não o vemos há uma semana. Onde esteve?". Respondi-lhe: "Estive com a gripe". "E quem é essa senhora?", respondeu-me.
Desde que a humanidade se mancomunou para criar e desenvolver línguas, pelos tempos de Babel, a comunicação não tem sido fácil. Mas "as coisas são", para lá de como se dizem. O Senhor Presidente da República deste Portugal adormecido lá o sabe: primeiras visitas oficiais de Estado, esta semana, apenas empossado para um segundo mandato: Vaticano e Espanha. Por esta ordem. Porque as coisas são.
Daí ter-me ocorrido que na língua inglesa, ainda hoje, o meu antigo professor de inglês se referirà à gripe com o neutro flu. Abreviatura de influenza, o vírus da chamada gripe espanhola, com que morreu a minha bisavó Aurora e tantos milhões mais com ela. E que ainda hoje anda por aí, com variantes, há mais de um século. Como deverá vir a suceder com este agora do/da covid (com quem ainda não estive, felizmente).
Luis Miguel Novais