Qual bodo aos pobres, este Portugal adormecido vai receber dos parceiros da União Europeia um suplemento vitamínico de cerca de 16 mil milhões de euros. O Senhor Primeiro-ministro chama-lhe "bazuca" de desenvolvimento. Será?
Portugal está no top 3 dos países mais endividados da União Europeia. Mandaria o bom-senso utilizar, ao menos, parte desse dinheiro para abater à dívida. Ou, na pior das hipóteses, utilizá-lo todo como investimento reprodutivo. Em nenhuma das boas hipóteses, utilizá-lo para criar mais despesa pública.
Mas afinal como irá ser gasto esse dinheiro dado? Ainda não sabemos. O Senhor Ministro do Planeamento disse esta semana que não há plano (afinal, que estará a fazer no Governo?). Um Plano de Recuperação e Resiliência encomendado pelo Governo (em consulta pública) diz que cerca de mais de dois terços vão ser gastos a criar mais despesa pública, e apenas cerca de um terço em investimento reprodutivo; nada em abater à dívida. Será?
Em Itália, que do mesmo modo e pelos mesmos motivos irá receber um bodo (não de cerca de 16 mas de cerca de 200 mil milhões de euros), entrou em funções como primeiro-ministro Mario Draghi - como todos sabemos, o salvador do euro e, por conseguinte também, deste Portugal adormecido. Que já disse como vai gastá-los: a enfrentar os problemas estruturais patológicos da economia do seu país. Essencialmente: uma dívida enorme e tribunais que não funcionam em tempo útil.
Bem sei que a diferença de montantes é enorme. Mas pergunto-me porque não imitamos o plano de Mario Draghi. Para não acabarmos como o Costa Concordia.
Luis Miguel Novais