Riqueza, civilização e prosperidade nacional

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Malhar na diplomacia

A entrada de uma nova candidata europeia de peso ao cargo de secretária-geral da Nações Unidas não é surpresa. A candidatura estava a ser preparada nos corredores europeus há mais de um ano, com o apoio da Alemanha (como, de resto, já viera denunciado pela… Rússia). E por isso, por não ser surpresa, corresponde a uma grande derrota política do Ministro dos Negócios Estrangeiros deste Portugal adormecido.

Já não constitui surpresa para ninguém que esta União Europeia em desintegração não tem uma política externa comum, ao arrepio dos tratados que a estabelecem no papel. O que obrigava o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal a um esforço redobrado para “trazer a água ao nosso moinho”. Sobretudo quando se trata de uma candidatura inédita, com ímpeto vencedor, como é a de António Guterres a secretário-geral das Nações Unidas. Não penso que este já esteja derrotado. Mas a entrada de uma candidata que vem diretamente da Comissão da União Europeia mostra a derrota política do chefe da nossa diplomacia, que falhou no seu dever: defender sem reservas a candidatura de António Guterres nos corredores europeus, evitando o absurdo combate fratricida que se segue, pelo meio do qual pode muito bem vir agora a passar um candidato não europeu. Não tendo logrado convencer a Alemanha, a Bulgária… e todos os demais membros da União Europeia, é a diplomacia de Portugal que sai já derrotada politicamente naquele que é um momento histórico nas nossas relações internacionais (certamente muito mais importante do que o europeu de futebol).

O atual Ministro dos Negócios Estrangeiros deste Portugal adormecido, Augusto Santos Silva, já era conhecido pela pouco diplomática frase segundo a qual “gosta de malhar na direita”. Agora fica para a História associado a esta grande escorregadela da nossa diplomacia. Espero que se demita.

Luis Miguel Novais