Os nossos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Economia cometeram, ambos separadamente, deslizes comunicacionais impróprios do extremo cuidado que estadistas devem ter em qualquer circunstância: o primeiro em relação às nossas relações com Angola, o segundo em relação às nossas relações com os credores internacionais que financiam o nosso défice, e poderiam ajudar a aliviar a enorme carga de impostos que suportamos neste Portugal adormecido.
O que, sendo de estranhar em pessoas experientes, como ambos são, ainda mais o é nas presentes circunstâncias: em que Portugal é visto internacionalmente como um alvo a abater (literalmente, basta recordar como George Soros alvejou e atingiu o Reino Unido em 1992). Di-lo claramente uma pouco noticiada sondagem publicada pela revista Institutional Investor, na sua edição de Setembro de 2013: percentagem de inquiridos que acreditam que é provável ou muito provável que Portugal entre em default (ou seja, deixe de pagar a sua dívida soberana tal como está hoje assumida) nos próximos dois anos? Resposta: 15,2% (num terceiro desonroso lugar, apenas precedido pela Grécia e pela Hungria); e nos próximos cinco anos? Resposta: 32,6% (apenas precedidos pela Grécia, neste caso). Perspectivas já nada animadoras, publicadas antes das infelizes intervenções internacionais dos nossos dois ministros.
É como lá diz a canção: “When the going gets tough… the tough get going”. É o que Portugal terá de fazer, contra ventos e marés, como de costume. Desperta Portugal adormecido, organiza-te, negoceia, assenta um rumo, faz em vez de dizer que fazes… sempre “mais vale tarde do que nunca”.
Luis Miguel Novais
Riqueza, civilização e prosperidade nacional