Observo na televisão as lamentáveis imagens de violência organizada que antecederam o jogo de futebol Porto-Sporting de hoje. Um grupo compacto de uma centena de homens vestidos de preto, com a cabeça coberta por passa-montanhas, chega às portas do estádio do Dragão, alameda abaixo, a correr, de uma forma organizada, compacta, como um ariete. Não se ouve o que dizem, mas veêm-se bem os actos de violência gratuita. A polícia parece surpreendida e tarda a reagir. E quando reage fá-lo também violentamente, possivelmente desproporcionadamente. Isto não tem nenhuma relação com desporto ou futebol ou virilidade. É uma actividade de crime organizado. Pura e simplesmente.
Sucede que resido na zona do estádio do Dragão. E que testemunhei os rastos da passagem desta associação criminosa, que passou pela tarde da pacata zona residencial das Antas como um tsunami criminoso. Surpreende-me muito que a polícia tenha sido surpreendida. É assustador que se não tenha apercebido a tempo de os controlar e dispersar.
Isto não tem nenhuma relação com desporto ou futebol ou virilidade. É uma actividade de crime organizado e tem de ser acusada, julgada e punida. Esta tolerância de excepção relativamente a claques ou pseudo-adeptos de futebol, não tem qualquer tipo de cobertura constitucional ou legal e não pode continuar a ter cobertura de políticos que assobiam para o ar neste Portugal adormecido, apenas porque se trata do sacrossanto futebol dos votos. Pergunto-me o que fazem ministros nos camarotes de estádios de futebol, senão compactuar, cúmplices, com esta violência organizada.
Luis Miguel Novais
Riqueza, civilização e prosperidade nacional