Riqueza, civilização e prosperidade nacional

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Portugal exorbitante

"Portugal é um pequeno país de moderada fertilidade.

No século XV a sua população era estimada em cerca de um milhão e os seus principais produtos e exportações consistiam em vinho (o Porto e, cada vez mais, o Madeira) e cana-de-açúcar, que crescia rapidamente.

Tivessem os Portugueses desse tempo podido antever a hoje clássica análise da vantagem comparativa de David Ricardo, e teriam prosseguido nesse rumo sensato, a cuidar da sua própria vida e negociando os seus produtos naturais em troca das manufacturas de outras nações.

Em vez disso, esquivaram-se a seguir o caminho que a racionalidade lhes apontava e converteram a sua terra numa plataforma para o império.

A extensa rede de domínio de Portugal viria a abranger três quartos do caminho à volta da Terra, desde o Brasil, a ocidente, até às ilhas das Especiarias (as Molucas) e o Japão, no Extremo Oriente.

Semelhante salto para além da lógica e da racionalidade não é um fenómeno desconhecido na história. Veremos numerosos exemplos mais tarde; e na verdade é precisamente esse género de iniciativa exorbitante que dota a história de incertezas e derrota as melhores previsões.

Mas a expansão portuguesa é particularmente surpreendente, uma vez que Portugal não dispunha de gente nem de recursos".

Citado de David S. LANDES, A Riqueza e a Pobreza das Nações, 1ª edição portuguesa, Setembro de 2001, pg.137