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Riqueza, civilização e prosperidade nacional

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Confidências do Exílio

Porque daqui houve nome Portogal, era o subtítulo do fanzine Confidências do Exílio, que com Luís Freixo, Rui Sousa e João Loureiro editei há 40 anos atrás, em 1985. Saíram quatro números. No sábado próximo passado, na Casa Comum da Universidade do Porto, com a moderação de Paula Guerra e produção de Susana Serro, celebrámos o aniversário redondo. Na realidade, celebrámos a saborosa liberdade de falar, conquista deste Portugal adormecido, tão recente quanto 1974. E que nós vivemos na primeira pessoa, como primeira geração crescida fora da ditadura militar.

Conforme tive oportunidade de recordar, desta feita em público, nesse ano de 1985 estava no auge a minha carreira musical, iniciada em 1981 - no concerto dos The Clash em Cascais, momento seminal da minha vontade de também escrever e ir para um palco cantar e tocar temas da mordacidade política de um Charlie don´t surf ("and we think he should.... Everybody wants to rule the world. It must be something we get from birth. One truth is we never learn. Satellites will make space burn").  Nesse mesmo ano, com concertos já dados em Braga (A Fábrica),  Porto (Cruz Vermelha, Aniki Bóbó) e Lisboa (Rock Rendez Vous), com os Prece Oposto (banda que fundara em 1983), a Academia "sugou-me". Terminou a minha carreira musical, breve mas intensa. Ficaram coisas nas gavetas que devem sair entretanto, e a fabulosa música  (passe a imodéstia) Homem do Leme - que saiu novamente em disco o ano passado, no álbum Música Moderna Portuguesa 1985-1986, publicado em São Francisco, Califórnia, Estados Unidos da América.

Madrid teve a sua movida. Lisboa e Vigo também. O Porto nem se fala... Brilhantemente documentada na exposição "Uma viagem pelo asfalto. O Rock no Porto nos anos 80". Patente até 8 de novembro de 2025 na Casa Comum da Universidade do Porto. Porque daqui houve nome Portogal.

Luis Miguel Novais