O Governo deste Portugal adormecido tem agora uma Secretaria Geral (ou Secretaria-geral, segundo as grafias). Medida útil de gestão e boa prática de (pois) centralização. A coisa em si poderia suscitar este interessante debate sobre se é melhor centralizar ou descentralizar, ou até fazer do secretariado uma holding de gestão... mas não é isso que debatemos neste final de 2024. Noticiou o Correio da Manhã que afinal o Secretário Geral vai ganhar mais do que um General. E é isto que debatemos: será são que um Secretário Geral ganhe mais do que o Presidente da República, o Primeiro-ministro ou qualquer outro funcionário público?
A propósito da questão do salário dos funcionários públicos (incluindo o dos políticos) recordo dos meus tempos de militante do PPD/PSD uma concorrida assembleia geral em Beja no pré-troika, na qual participámos como oradores Paulo Mota Pinto, José Pedro Aguiar Branco (atual Presidente da Assembleia da República) e eu próprio, onde o assunto foi vivamente debatido. Claro que se queremos bons gestores na coisa pública teremos de lhes pagar bem, concluiu-se então - é o que sucede hoje... na Caixa Geral de Depósitos, com lucro.
Pela calada, fica um par de questões que poderão vir a ser interessantes, especialmente no caso em que Mário Centeno venha a ser o candidato pelo Partido Socialista a Presidente da República, Se no Banco de Portugal (pessoa coletiva de direito público de Portugal, nem obstante a sua inserção europeia) um consultor (como era o agora Secretário Geral do Governo) ganha quinze mil euros por mês, quanto ganha o Governador?
Luis Miguel Novais