O lamentável atentado de ontem contra a vida do ex-presidente e candidato a presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, não teve apenas o efeito de passar de raspão numa sua orelha. Mostrou-nos o seu carácter belicoso (“Fight, fight, fight”, foi a sua reação primeira)… e “religioso”: agora diz que foi um acto de Deus a bala não lhe ter acertado.
Eu também já sofri a horrível sensação de sentir passar uma bala numa minha orelha (foi numa daquelas barracas de feira de tiros de chumbinhos, na minha adolescência, fez ricochete). Compreendo que Donald Trump pense, hoje, o que eu na altura pensei: caramba, um milímetro ao lado e as consequências teriam sido outras.
Aceito que os actos de Deus integram a álea. Mas os tiros não são actos de Deus - que, certamente, não quer agora uma guerra civil na América, de consequências insuportáveis para o mundo inteiro. Mais do que tempo para pormos as mãos nas orelhas, é tempo de abrirmos os olhos. Ainda vamos a tempo de substituir os candidatos por outros menos belicosos. O que satisfaria a Deus, porque serviria a todos.
Luis Miguel Novais