Terrorismo e futebol têm uma coisa em comum: passam bem na televisão.
O futebol, como desporto, não atrairia os milhões de pessoas que hoje atrai se não fosse um espetáculo televisivo por excelência, fundamental para vender publicidade (uma forma de guerra inofensiva), graças às extraordinárias dinâmicas individuais e coletivas de 23 pessoas a movimentarem-se em volta de uma bola, dentro de um retângulo, de uma forma organizada e determinada a um fim.
O terrorismo, como contra-humanismo, não obcecaria os milhões que hoje obceca se não fosse amplificado pela televisão. Não deixaria de existir, como uma guitarra acústica não deixa de soar quando desligada de amplificadores. Se fosse mera notícia, porém, sem os extensos minutos de cobertura televisiva que lhe são oferecidos, para gáudio dos terroristas, diria respeito a alguns poucos visados e suas famílias. Seria, na mesma, horrível, terrível, execrável. Mas não seria um espetáculo.
Como sociedade, como Estados de Direito, temos de impedir a obscena cobertura televisiva do terrorismo.
Luis Miguel Novais
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Riqueza, civilização e prosperidade nacional
