Salvaguardado o devido respeito pelos protagonistas e instituições, vivemos uma verdadeira situação de série Marretas neste Portugal adormecido. Com final já previsível: o Presidente da República vai ter mesmo de engolir o sapo e convidar António Costa para Primeiro-ministro. Na semana que vem ou, o mais tardar, após ouvir o Conselho de Estado – o que já é uma inutilidade prática, mas respeitável como opção constitucional formal.
Parece-me que os dados estão todos lançados: após as eleições para a Assembleia da República o Presidente da República já convidou quem quis para Primeiro-ministro; a Assembleia da República já o rejeitou; o Presidente da República já demorou tempo suficiente para fazer razoavelmente concluir que era mesmo aquele Primeiro-ministro que queria, e não outro. As posições já estão assumidas, e ao Presidente da República nada mais resta senão nomear António Costa para Primeiro-ministro: isto porque mais nenhum passará na atual Assembleia da República e, o que não é de somenos, no caso contrário Marcelo Rebelo de Sousa não será eleito Presidente da República (porque a esquerda em peso votará no candidato que nomeie António Costa para Primeiro-ministro, enquanto que o mais lógico será que a direita em peso e o centro votem na posição moderada assumida nesta crise por Marcelo Rebelo de Sousa - que nem deixou espaço a Durão Barroso, candidato previsivelmente desejado por Aníbal Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho). Assim se recentrará Portugal, agora com a novidade comunista a enegrecer o cenário.
É mesmo já só uma questão de tempo para António Costa ser convidado para Primeiro-ministro. Há dias, li que a filha de António Costa terá dito que no final dos jogos lá em casa o pai ganhava sempre. Neste também ganhou. Portugal engole o sapo. Aguardemos pelo beijinho de princesa, pode ser que saia príncipe.
Luis Miguel Novais
Riqueza, civilização e prosperidade nacional