Este Governo persiste num erro grave de política internacional: a questão europeia já não é meramente financeira, nem meramente económica, é eminentemente política, porque é o futuro da União que está em jogo.
A questão grega vem por o dedo na ferida da política de austeridade imposta como medida anti-crise pela Sra. Merkel. Não foi apenas na Grécia, ou em Portugal, que esta política criou feridas profundas no tecido social. A Europa que cresceu com esta política está agora a despertar para as suas consequências: descida do euro, descida dos preços, segue-se, também nesses países, os males de austeridade nas pessoas, essencialmente derivados dos amanhãs cinzentos, dos medos de tormenta e consequente crise de confiança.
Não espero da cimeira do Eurogrupo de hoje nada de especial. Trata-se de uma reunião de técnicos em Finanças, vão "partir pedra" num dos ângulos do problema. Prevejo e desejo que nada quebre por aqui e o assunto se venha a resolver numa cimeira ao mais alto nível de política externa, devidamente preparada, se não a 28, pelo menos, reunindo os líderes dos 19 países da zona euro.
Sejamos transparentes e claros: o modelo da troika não está a funcionar, está a prejudicar os cidadãos da Europa, é tempo de dar lugar à nossa perestroika. É uma questão de valores, mas não necessariamente de dinheiro.
Luis Miguel Novais
Riqueza, civilização e prosperidade nacional