«Empreendimento organizado de descobrimento a longo prazo, o feito dos Portugueses foi mais moderno, mais revolucionário, do que as mais largamente celebradas proezas de Colombo. É que Colombo seguiu um rumo sugerido por fontes antigas e medievais, a melhor informação do seu tempo, e se tivesse alcançado o seu propósito confessado tê-las-ia confirmado. Não havia no seu espírito nenhuma incerteza, quer a respeito da passagem na rota para a Ásia, quer a respeito da direcção a seguir. Só o mar era desconhecido. A coragem de Colombo consistiu em meter por uma passagem marítima directa para terras "conhecidas" numa direcção conhecida, mas sem saber precisamente qual seria a extensão da passagem.
Pelo contrário, as viagens dos portugueses à volta da África e, esperava-se, para a Índia baseavam-se em ideias especulativas arriscadas, em boatos e sugestões. Teriam de ser contornadas terras desconhecidas, utilizadas como escalas de aprovisionamento de alimentos e água em viagem. Esta seguiria para lugares onde a geografia cristã ameaçava com perigos mortais, lugares muito abaixo do equador. Por isso, os descobrimentos portugueses exigiram um programa nacional progressivo, sistemático, passo a passo, para se ir avançando através do desconhecido.
O planeamento a longo prazo só foi possível porque os Portugueses tinham empreendido uma aventura nacional com espírito de colaboração.»
"The Discoverers", Daniel J. Boorstin, 1983, citado da edição portuguesa "Os Descobridores", Gradiva, 2ª edição, 1994, pgs. 151 e 152.
Total:
Riqueza, civilização e prosperidade nacional
