Riqueza, civilização e prosperidade nacional

domingo, 2 de julho de 2023

Mercedes Amarelo

Correm mundo as imagens de um Mercedes de cor amarela cujo condutor foi assassinado a tiro por um polícia, em França, ao tentar fugir a uma ordem de detenção. Em si mesmo, o filme é perturbante num país civilizado, onde o princípio é o da proporcionalidade e, por conseguinte, um polícia não conversa com um cidadão (mesmo que bandido) de arma apontada à cabeça. E, muito menos, dispara a matar quando este desobedece a uma sua ordem e procura fugir-lhe. Um caso de polícia, em que o presumível homicida é um polícia - sem que, aparentemente, possa invocar legítima defesa (a não ser, por exemplo, que se venha a provar que o condutor lhe apontou uma arma).

Isto devia ficar por aqui, transitando para os tribunais. Mas não ficou. Despoletou chamas, tumultos e saques pelas cidades de França, de extrema violência e consequente repressão inevitável. Tumultos na União Europeia, muito similares aos ocorridos, infelizmente com alguma frequência, nos Estados Unidos da América. Pelos mesmos motivos aparentes: que os cidadãos visados pelos tensos polícias têm a pele negra ou religião muçulmana. Ou não.

É o campo político que lavram os extremistas de direita e de esquerda (os extremos tocam-se, como todos sabemos). Temos de poder saber reagir aplicando soluções moderadas. Para mantermos viva outra chama, que a todos serve: a do ideal de liberdade regrada pela lei. Afinal, quem não quer circular em paz num Mercedes amarelo?

Luis Miguel Novais