Riqueza, civilização e prosperidade nacional

sábado, 18 de março de 2023

Moeda e Crédito

Chega a ser estranho que nos anos 80 do século passado, numa Universidade deste Portugal Adormecido, se ensinasse uma disciplina com o título Moeda e Crédito. E, no entanto, foi uma das disciplinas que tive de aprovar no meu curso de Direito na Universidade Católica Portuguesa.

Já na época, como agora, Moeda é o Dólar. Existem outras, mas estão todas referenciadas ao Dólar, desde que acabámos com o Padrão-Ouro, na sequência do relaxamento dos Acordos de Bretton Woods de 1944, de onde saíram o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Desde então, na prática, quem cria Moeda são os Bancos (leia-se, os que emitem Crédito em Dólar dos Estados Unidos da América, não necessariamente ligados sequer a depósitos, ou quase pelo contrário vista a panóplia de produtos financeiros estruturados, mistos de acções e obrigações). Moeda e Crédito não são disjuntiva.

Esta semana que passou, a repetição de um momento Lehman Brothers foi evitada pelo discurso proferido pelo presidente dos Estados Unidos da América na segunda-feira de manhã, à hora de abertura dos mercados de capitais em Nova Iorque, garantindo a totalidade dos depósitos bancários no seu país. Facto inédito e sábio. Mas cuja totalidade de consequências para (todos) os habitantes desta nossa nave especial ainda é desconhecida. Tempestades voltarão, é certo. Com que dimensão e aonde, ninguém sabe. 

Seria, talvez, o momento de voltarmos à disjuntiva implícita no título.

Luis Miguel Novais