Completados sete anos no cargo de Presidente, ouvimos, há momentos, em entrevista conjunta à RTP e ao jornal Público, o Comentador dizer sobre o Presidente: "não tenho poderes governativos". Logo, comento. Discordo. Não pode ser este o papel do Presidente da República, Senhor Comentador Geral.
E não pode porque, conforme o Comentador bem observa, "Envelhecemos" (a população está mais envelhecida), e "Empobrecemos" (a população está mais empobrecida). Porque será? O Presidente não o perguntará, pelo menos ao Comentador? O Presidente é mero observador? Observa sentado? Porque não intervém para mobilizar o Governo para, sobretudo, tomar medidas para reter os jovens que emigram por motivos económicos?
Falou depois o Senhor Comentador Geral (ou teria sido o Senhor Presidente da República?) sobre "o consenso que é possível fazer". O que alinha mais com o género de Presidente que, no meu modesto entender, cabe na atual República: o do poder moderador. Que não tem de ser aquele que brande o "poder de dissolução", ao qual "não renuncia". Sem, no entanto, lamentavelmente, ter logrado obstar à "ligeireza na escolha de membros do Governo". Cúmplice involuntário (por inércia) nas inerentes consequências perniciosas e nada consensuais.
Para pôr fim a este inverno marcelista, melhor seria o Comentador Geral (excelente, ademais, na crítica contundente aos bispos da Igreja Católica pelo rotundo falhanço no modo como têm vindo a tratar a pedofilia no seu seio), deixar o Presidente, através do efetivo exercício do poder moderador, obrigar o Governo (qualquer um) a arranjar maneiras de ficarmos, como República, menos envelhecidos e menos empobrecidos. Verdadeiro desígnio nacional com futuro.
Luis Miguel Novais