Riqueza, civilização e prosperidade nacional

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Abrasados

O inaceitável sucedido ontem no Brasil, com a instigada invasão tumultuosa dos edifícios-sede dos três poderes democráticos em Brasília, mediante a passiva conivência das forças de segurança, marca o princípio do fim das ditaduras de bananas.

Já Platão, há uns bons 2500 anos atrás, se debatia na sua República sobre a bondade de um corpo especial, separado do resto da sociedade, de pais, filhos e netos armados, formando uma casta dedicada funcionalmente a proteger as instituições. Com os problemas daí resultantes, que se notam bem, por exemplo, no Brasil. Onde o corpo militarizado tende a formar esse tipo de casta. E, conforme ontem se notou, comportando no seu seio derivas anti-democráticas.

Os Estados Unidos da América, com a sua pronta reacção de condenação (prontamente seguidos por Europa, China e Rússia, além deste Portugal adormecido), mostraram ontem que aprenderam com as lições do passado. E os militares do Brasil não obtiveram onda popular de fundo para abater a Democracia no Brasil. Retiraram para os quartéis. Onde permanecem platónicos. E (ainda bem) contrários aos desmandos da dita (que bem podia ter revelado para auditoria os códigos-fonte, perante tão próximo resultado eleitoral que praticamente parte o Brasil ao meio). 

Tudo somado, apesar dos danos, um dia bom para o re-equilíbrio das democracias no mundo.

Luis Miguel Novais