Riqueza, civilização e prosperidade nacional

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

O comandante português

O que aconteceu ontem num campo de futebol no Qatar, onde a seleção nacional esmagou pela inteligência a Helvética, pode muito bem ter servido para quebrar um enguiço de que vem padecendo este Portugal adormecido há muitos anos. Há muitas centenas de anos (coisa que, digamo-lo com orgulho, nem todas as nações têm, não é?). Falo do enguiço de termos que ser comandados por estrangeiros para mostrarmos o nosso grande valor.

Lá naquele campo de futebol, no meio de um deserto refrigerado, teledifundido para o mundo de cada um de nós, um comandante (treinador, gestor, coach, you name it) chamado Fernando Santos mostrou que pode pôr e dispor dos bravos portugueses tão bem ou, sejamos ambiciosos, até melhor do que qualquer estrangeiro - coisa tão rara que o nosso primeiro almirante do tempo da fundação era genovês e, ainda no tempo do Marquês de Pombal, para reformar as tropas foi necessário chamar um alemão; por aí fora, os exemplos abundam.

Os portugueses funcionam bem sob a batuta de estrangeiros tornou-se um lugar comum europeu - estigma que os nossos expatriados sofrem na pele. Talvez as decisões de ontem de um comandante bem português, de nível mundial, sejam o princípio do fim dessa injustiça.

Luis Miguel Novais