Riqueza, civilização e prosperidade nacional

domingo, 27 de novembro de 2022

Dez por dez

Na investigação para Princesa Rei (livro que persiste em sair da gaveta e pedir-me, por assim dizer, que o termine e publique de uma vez) deparei-me com o seguinte texto, a páginas tantas da Crónica de D. Fernando de Fernão Lopes: "o mandasse requestar para se matar com ele dez por dez": e depois, mais adiante, para que dúvidas não restem sobre tratar-se de um "jogo" (digamos assim), de dez contra dez, Nuno Álvares Pereira "trabalhou-se logo de haver nove companheiros, e com ele haviam de ser dez". Dez por dez, ou dez contra dez, portanto.

Falta-me ainda saber se o "jogo" do dez por dez à portuguesa era com bola. O que é perfeitamente possível, na nossa cultura, mesmo no século 14. Sem anacronismo. Com efeito, já na Antiguidade Clássica se jogava Phaininda (na Grécia), Harpastum (em Roma) e Follis (também vindo do Império Romano). E pela época de Nuno Álvares Pereira, em Florença, jogava-se o Calcio Fiorentino. Tudo jogos com bola.

Uma coisa me parece certa: o futebol de hoje, onze por onze, espectáculo de televisão e entretenimento magnífico, que movimenta imensos recursos e tem alcance global, em que ademais ninguém se mata e as selecções das nações correm a ver quem ganha, merece um tratamento político mais afinado. Seria até um excelente substituto para a guerra.

Luis Miguel Novais