Riqueza, civilização e prosperidade nacional

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

First Portuguese

Acordei com a suspeita de que o Papa Bento XVI faleceu. É só um sentimento, saberá Deus porquê. Hoje foi um dia cheio, véspera de um dia vazio, como diz o meu amigo Paco, que jura tratar-se de um nosso ditado antigo galaico. Entretanto, de sol a sol, aprendi que o oposto de arrogante não é humilde, é honrado. E que, numa sociedade aberta, o que importa não são os princípios, são os contratos. A tanto me levou o dia.

O que é tanto mais interessante quanto, ontem à noite, terminei a leitura de A History of Water. Que, segundo leio no site do autor, será publicado em língua portuguesa pela Bertrand (por mim, seria com o título Uma História do Mar ou, ainda melhor: Heróis do Mar; já veremos o que sai). Recomendo. Quem quiser ler uma boa recensão deverá ler a The Economist de 20 de agosto de 2022, aí a encontra sob o título The Age of Discovery, Expanding Horizons. Quem quiser ler o livro, faça-o como eu, ou espere pela versão em língua portuguesa. O autor é um polímato que consegue obter esse extraordinário feito de nos fazer interessar até ao final (com factos interessantes e maioritariamente desconhecidos, fora dos meios académicos ou especializados) pela vida e obra de dois autores portugueses que representam pólos  opostos: Damião de Gois e Luis de Camões. E cujo cruzamento é tão menos evidente (e, como tal, forçado ou surpreendente)  que, por exemplo eu, escrevendo sobre aquele mesmo tempo em A Janela do Cardeal, não falo de nenhum (o que, conforme a lição de hoje supra, nem me humilha, nem me arroga, só me honra, e assim também a este autor, Edward Wilson-Lee). É ler para crer.

Como qualquer dos precedentemente mencionados portugueses sei o que é ser First Portuguese. O primeiro, de muitos a chegar a um lugar. E assim honrar. Pelos séculos adentro. De mar e ar em fora. Heróis do hino.

Luis Miguel Novais