Riqueza, civilização e prosperidade nacional

sábado, 27 de agosto de 2022

Desligar o GPS

Muitos dos humanos que me lêem (os computadores não) conheceram um mundo sem GPS (iniciais de Global Positioning System). Ainda tenho dois carros de luxo de 2001, hoje clássicos: um tem GPS, o outro não. O documentário que acabo de ver na Netflix, explica a diferença e o timing, que desconhecia.

O documentário intitula-se GPS 101 (101 significa panorâmica, ou rudimentos), e vem traduzido pela Netflix como A História em Imagens; é o primeiro episódio da segunda temporada, acaba de sair. Recomendo. Dele resulta como o presidente americano Reagan transformou as nossas vidas desde 1983, abrindo ao mundo civil a tecnologia militar de satélites GPS, na prática iniciada pelos Sputnik russos. GPS hoje presente em tudo, especialmente a partir de 2000, desde os telefones espiões que transportamos no bolso, às encomendas e demais transponders de carros, navios ou aviões. A China, segundo a série, tem o concorrente sistema BeiDou, ainda mais potente e omnipresente, com 35 satélites dedicados desde o ano 2020. Os aspetos deprimentes e potencialmente nocivos da tecnologia, que acrescem aos positivos, são justamente sublinhados no final do documentário.

Aqueles que já vivemos sem GPS sabemos que este sistema é independente da Internet. E aprendemos a desligar, ou ligar o GPS apenas quando é realmente preciso (inclusive não autorizando a indistinta geolocalização nos nossos smartphones... lá está, por GPS). Para não nos comportarmos como marionetas. Para valorizarmos aquela importante norma da Constituição deste Portugal adormecido que afirma, sobre a utilização da informática, que "é proibida a atribuição de um número nacional único aos cidadãos". Curioso, agora, pensar no título 1984.

Luis Miguel Novais