O sofrimento atroz das vítimas do inverno ucraniano relativiza o nosso próprio. A mim, pelo menos, nos intervalos de pensar naquelas pessoas vítimas de tamanha violência gratuita, até já me ocorre humor negro.
Recordo que na crise mundial de 2008 o que sustentou o convívio humano nesta nossa nave especial, e evitou males maiores, traduziu-se naquela alegoria de dois bêbados à saída de um bar, encostados um ao outro, para não caírem. Tratava-se, na altura, dos Estados Unidos da América (devedores) e da China (credores). A queda de um implicava, forçosamente, a do outro.
O que parece que poderá impedir a escalada mundial desta feita são mais dois: a Alemanha depende da energia da Rússia, que depende dos respetivos pagamentos.
Luis Miguel Novais