Riqueza, civilização e prosperidade nacional

sábado, 8 de janeiro de 2022

2039

Quis o Menino Natal que os meus filhos me oferecessem a edição internacional impressa nos Estados Unidos da América, em língua inglesa, do recente livro "2034 - A Novel of the Next World War" (de Elliot Ackerman e James Stavridis, Penguin Press, 2021), que acabei de ler. Não vou ser spoiler escrevendo sobre o argumento da obra de ficção. Mesmo assim, se ainda não leu o livro, poderá não querer continuar a ler-me agora, porque vou dar a minha visão do que nele subjaz. Na realidade, trata-se de uma obra de ficção científica, ou futopia (ao melhor estilo Carl Sagan), baseada em factos actuais e pouco conhecidos em matéria de guerra.

Por se tratar da edição internacional, destinada a exportação, assumo que foi censurada e autorizada pelos pertinentes serviços dos Estados Unidos da América e, por isso, não contém Secret. Este disclaimer é necessário porque, há dez anos atrás, estive em funções públicas que me deram acesso a material classificado da Defesa Nacional e da NATO. E, bem assim, porque conheci pessoalmente um dos autores, o Almirante James Stavridis, que me deixou a melhor das impressões de humanista, sábio e sensato, quando foi Supreme Allied Commander da NATO.

Partilho alguns dos meus sublinhados:

- "there was always a man in the machine" (pg. 34)

- "judicious patience" (pg.94)

- "our entire constellation of satellites are now under your command" (pg.95)

- "diplomatic niceties" (pg.95)

- "American morality" (pg. 95)

- "They got the drop on us, or shut us down, or I don't even know how to describe it" (pg.97)

- "oftentimes the key to severing the Gordian knot of diplomacy was a personal connection, a familial connection" (pg. 104)

- "answered with a single Russsian word: kompromat" (pg. 113)

- "inconvenient and combustible masses prone to rebellion" (pg. 114)

- "In war, it's not that you win. It's how you win. America didn't use to start wars. It used to finish them" (pg. 117)

- "we have learned the lessons that you have forgotten" (pg.119)

- "the Chinese were able to take control of these drones once they came into a certain range, disabling their sensors and controls" (pg. 122)

- "refashioning one of her squadrons as a «dumb squadron»" (pg. 122)

- "Their unpredictability makes them very dangerous" (pg.134)

- "No fewer than five hundred fiber-optic cables, which accounted for 90 percent of North America's 10G internet access, criss-crossed these icy depths" (pg. 136)

- "the complex mix of cyber cloaking, stealth materials, and satellite spoofing had kept his fleet well hidden" (pg. 137)

- "impressive and still-mysterious combination of technologies" (pg.144)

- "the result of yet another Chinese cyber hack" (pg. 146)

- "reduced reliance on high-tech platforms" (pg. 148)

- "The deregulation that had resulted in so much American innovation and economic strength was now an American weakness. Its disaggregated online infrastructure was vulnerable in a way that the Chinese infrastructure was not" (pg. 152)

- "Although few Cold War precepts had aged well in the twenty-first, the logic of mutually assured destruction was one of them" (pg. 158).

De facto, esta semana, mais precisamente a 3 de janeiro de 2022 (já depois da publicação do citado livro), tivemos todos a felicidade de receber a declaração conjunta das cinco nações com poder militar nuclear com assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ou seja: América, China, Rússia, França e Grã-Bretanha), neste mesmo sentido de não uso de armas nucleares e contra corridas ao armamento (ver, e.g., aqui).

Ficam de fora (ainda) as quatro demais nações que se sabe que dispõem de armamento nuclear (ou seja: Coreia do Norte, Índia, Israel e Paquistão). Com as demais... E potenciais consequências como as do livro 2034, que termina em Nova Delhi, 7:40 (GMT +5:30), do dia 16 de abril de 2039.

Luis Miguel Novais