Riqueza, civilização e prosperidade nacional

sábado, 28 de novembro de 2020

Are you a bot?

Confinados, tendemos a filosofar com os mesmos ecrãs que consultamos e usamos para serviços, compras e teletrabalho. Do site do banco, à agência de viagens, passando pelos comerciantes de comida, é hoje normal o popup que nos lembra que podemos conversar para obter o mesmo que clicamos: "estamos aqui, fale conosco".

Um dia destes, dei por mim a conversar com um desses popups de ecrã. Como não me disse que me telefonava, mantivemos um breve diálogo via teclado. A conversa não me estava a agradar e dei por mim a perguntar: "Are you a bot?"

Pelo meio da Economia da Pandemia tem crescido a Economia da Atenção. Essa Economia Digital que compete pela nossa atenção, esse bem escasso que resulta da falta de tempo. Das redes sociais aos comerciantes todos nos querem tomar o tempo. Time is money.

Pelo meio da Economia da Atenção nasceram muitos olhos virtuais. Inexistentes. Falsos, porque não humanos. Que contaminam e logram enganar mercados supostamente maduros, como o da publicidade, o editorial e até os bolsistas.

Falsos olhos por toda a parte digital traduzem-se em numerosas falsas visualizações. Fazendo, por exemplo, que a extraordinária valorização bolsista da Big Tech faça cada vez mais recordar o estouro da bolha de sabão bolsista dos primeiros anos 2000.

Afinal, o popup da minha conversação teclar não era humano, era um bot (um robot sem rodas). Após alguns momentos de reflexão, na sua pequena inteligência artificial (ainda sem Economia Moral), lá acabou por responder à minha pergunta: "a equipa foi almoçar e já volta". Pode ser que quando regressem lhe ensinem o conceito de fraude.

Luis Miguel Novais