Sábado, estava eu a insurgir-me publicamente contra a Microsoft (Tu Quoque Microsoft). E terça-feira, já o presidente deste Golias estava a ser recebido em audiência privada pelo Papa Francisco. Isto é que foi rapidez.
Sabe bem poder imaginar que não foi uma mera coincidência (estou a brincar). Que o presidente da Microsoft conhece bem a importância que têm para os lucros da sua empresa pessoas católicas como eu (agora não estou a brincar). Que no diálogo que mantiveram, o Papa Francisco lhe disse: "olhe que sei de um advogado internacional e escritor português acostumado a defender os David que está muito atento ao que a vossa empresa está a fazer aos direitos fundamentais". Ao que o presidente da Microsoft lhe terá respondido: "Por isso vim aqui a correr. Não nos deixaremos cair em tentação".
Continuo convencidíssimo de que não há, nem vai haver, "machina sapiens". Mas sim "culpa in programmandi". Com as legais consequências.
Luis Miguel Novais
P.S. Os diálogos são imaginados, com ironia e salvaguardado o devido respeito. Mas o encontro não. Teve mesmo lugar. Teve direito a foto de capa na edição de 14 de fevereiro de 2019 do L'Osservatore Romano, em artigo intitulado "Uma aliança entre ética, política e direito". Mais uma entrevista publicada com o presidente da Microsoft, que se reafirma, ainda bem, consciente dos limites entre o poder e o dever. E um interessante artigo de Paolo Benanti, intitulado "A incerteza salvar-nos-à - inteligência artificial, não apenas algoritmos". Está tudo online, na versão italiana, merecia maior divulgação noutras línguas.
Riqueza, civilização e prosperidade nacional