Ensino aos meus alunos na universidade que vivemos numa tensão permanente entre dois vectores: nacionalismo-internacionalismo; regulação-desregulação. É um daqueles momentos do mundo.
Quando olho para José Manuel Durão Barroso e a sua passagem do sector nacional (onde esteve, nas mais altas funções públicas, entre 1985 e 2004) para o sector internacional (onde esteve, nas mais altas funções públicas, entre 2004 e 2014), em qualquer caso, no lado da regulação social, em especial da economia e finanças, surpreende-me a sua passagem agora para o lado desregulação, para onde vai fazer lobby junto dos reguladores. Surpreende-me não apenas pela desvalorização social inerente. Surpreende-me por capturar uma mentalidade que, ao fim e ao cabo, esteve a conduzir o lado oposto durante tanto tempo. Era mesmo isto que José Manuel Durão Barroso queria quando se dedicou à coisa pública (nacional-regulação), nos longos idos de 1985? É este o exemplo que vai ser lecionado nas próximas universidades de verão para jovens interessados na polis?
Vou de férias. É a silly season.
Luis Miguel Novais
Riqueza, civilização e prosperidade nacional