Riqueza, civilização e prosperidade nacional

domingo, 24 de novembro de 2013

A quase-revolução de 21.11.2013

No dia 21 de Novembro de 2013 este Portugal adormecido viveu uma quase-revolução. Uma manifestação de diversos homens armados, aparentemente membros de forças de segurança, organizados por sindicatos e associações de "profissionais de forças e serviços de segurança", assaltou o exterior do Parlamento, quebrou as barreiras de segurança e não foram impedidos pelas legítimas forças de segurança aí presentes de subir a escadaria. Apenas por um acaso, uma vez conquistado o exterior do Parlamento, ninguém subiu à varanda e proclamou a revolução.

Na verdade, é desta farinha que nasce a massa da grande maioria das revoluções: um acumular de descontentamento, tensão consequente, organização mais ou menos sindical, mais ou menos organizada, espiral de violência, alimentada por conquista de espaços deixados vazios pela situação, armas... até que alguém proclama a revolução.

O Governo demitiu o chefe das forças de segurança que não actuou em defesa da lei (ou seja, do regime). Fez bem. Segue-se a proibição parlamentar deste tipo de manifestações armadas (se assim não for o regime mostra a sua impotência armada, ou seja, aos olhos dos potenciais revolucionários, a sua ineficiência).

Não consigo deixar de pensar que pode muito bem ter-se tratado de um teste pré-revolucionário. As coincidências dificilmente existem em movimentos organizados armados. E muito menos nos de homens fardados e armados para proteger a lei, desfardados e de arma escondida no bolso, sem protegerem a lei.

Fica no ar a grande questão: poderá este regime constitucional permitir-se uma próxima vez? E se, por ocasião da próxima manifestação de "forças de segurança", alguém vai até ao fim, sobe à varanda e proclama a revolução?

Luis Miguel Novais