"Nas antigas fórmulas de Direito, homem que tem vergonha era um dos maiores encómios que se dava a um homem de bem; pelo contrário, o dizer de um homem que não tem vergonha é declará-lo capaz de todo o género de vícios", diz no vocabulario português e latino de Bluteau, publicado em 1728.
Ter vergonha modera os vícios e os apetites, sabia-se já então. Está na altura deste Portugal adormecido recuperar esta velha sabedoria e passarmos a escolher quem nos governa de entre quem tem vergonha, no que coincido com dois comentários políticos deste passado fim-de-semana, de Miguel Sousa Tavares e Marcelo Rebelo de Sousa, respectivamente.
Quem não tem vergonha padece de ilegitimidade originária. Não pode aceder nem agarrar-se ao poder invocando qualquer legitimidade, que está viciada à partida.
Luis Miguel Novais
Riqueza, civilização e prosperidade nacional