Riqueza, civilização e prosperidade nacional

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Partidos e escavacados

A intuição tinha-me dito que desta vez seria diferente: contra todas as correntes de opinião, escrevi aqui, no dia 5 de Julho de 2013, que a confiança no actual Governo de coligação com estes protagonistas estava irremediavelmente perdida (E o vento mudou); e no sábado passado, dia 6 de Julho de 2013, escrevi que este Portugal adormecido precisa de Silva Peneda como primeiro-ministro no momento actual, e que isso mesmo seria o que deveria fazer o Sr Presidente da República: mandatá-lo para formar um governo de transição (Silva Peneda).

Ouvido, lido e relido o discurso de ontem do Sr. Presidente da República, confirmou-se-me a intuição: desta vez é diferente, aleluia. A minha intuição não era baseada em informação privilegiada, baseava-se meramente em desejo. Fico feliz por ter visto o meu desejo cumprido: o presidente deste Portugal adormecido despertou. Já não é justo chamar-lhe presidente-rei, não se deixou apanhar em portas giratórias e cataventos, já não parece mergulhado em apatia, merece agora o título de Presidente da República - já que, como dizia Petrarca, "nobile non si nasce, si diventa". Ao deixar em exercício de funções este Governo descredibilizado e, agora, em prazo encurtado até às eleições antecipadas a 2014, Cavaco Silva quer assistir de bancada ao descalabro de Passos Coelho e Portas, por quem nunca morreu de amores. Les jeux sont faits, rien ne va plus.

O presidente deste Portugal adormecido despertou, mesmo assim (tricas à parte), para a moralidade e o bom-senso. Os três protagonistas actuais da nossa política partidária estão descredibilizados e, como muito bem lhes fez ver o Sr. Presidente da República, servirão os interesses partidários, mas não servem o interesse nacional, a não ser que se entendam. O PSD, o PS e o CDS, agora escavacados, sobreviverão mais conformes com as leis da natureza onde, como todos sabemos, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.

Luis Miguel Novais