Gaza tem merecido a atenção de todos. Pelas piores razões, entre terrorismo (eventualmente de Estado, eventualmente de um bando, eventualmente de ambos), e genocídio (forçosamente de Estado, crime de Direito Internacional declarado "em contradição com o espírito e os fins das Nações Unidas...condenado por todo o mundo civilizado", Resolução da ONU nº96, de 1946).
Não podemos ficar indiferentes. Aqui no Portugal Adormecido, recentemente, falámos sobre a narrativa bíblica milenar com respeito à sacrificada Gaza, apoiando os ativistas contemporâneos do veleiro Madleen (8 de junho de 2025, Sem olhos em Gaza); ou sobre a inacreditável matança de crianças em Gaza denunciada pela Unicef (20 de junho de 2025, Sansão, hoje).
O Papa, que sendo de nós os Católicos, representa nesta nossa nave especial a bondade não ingénua afirmada por Jesus Cristo (expressa, por exemplo, no Evangelho de São Mateus 10:16: "mando-vos para o meio dos lobos, sejam prudentes como serpentes e simples como pombas"), e tem mais informação local do que eu (mais não fora por haver, também, Cristãos em Gaza, nomeadamente os que foram "acidentalmente" alvo de um ataque pelas forças armadas israelitas), indignou-se.
O Papa indignou-se no passado domingo: "é mais um dos ataques militares contínuos contra a população civil e os locais de culto em Gaza”; apelou a "uma cessação imediata da barbárie da guerra" (com as letras todas: barbárie); e a "uma resolução pacífica do conflito", com respeito pelas proibições de "punições colectivas, do uso indiscriminado da força e da deslocação forçada de populações" (cfr. Vatican News de 20 de julho de 2025).
Nem obstante, vem hoje o Embaixador de Israel em Portugal afirmar, em artigo de opinião publicado no jornal Observador, que: "ONU é cúmplice do Hamas na militarização da ajuda humanitária". É a palavra do Embaixador contra a do Papa. Por mim, já escolhi quem diz a verdade sobre Gaza. E não é a propaganda do Embaixador de Israel.
Este Portugal adormecido deveria escolher a decência do mundo civilizado e reconhecer a Palestina como Estado. Permitindo a este novel Estado (já reconhecido por 147 outros membros das Nações Unidas, incluindo vários da União Europeia), defender o seu território de Gaza, de que Israel se pretende apropriar ilegalmente. Porque é disso que se trata.
E não venham dizer que sou contra os judeus. Sou democrata-cristão e em Portugal já tivemos judiarias e mourarias. Acreditem, não funcionam. Já deitámos abaixo os muros. Pacificamente. Não toleramos qualquer discriminação baseada em credo ou raça. O mesmo desejo para os Estados de Israel e da Palestina. Que convivam em Paz!
E, já agora, se é para fazer uma Riviera, porque não recuperam antes a linda que havia no Líbano?
Luis Miguel Novais
