Estive, como convidado, na Cimeira da Nato de Lisboa em 2010. A meu lado estava, por exemplo, José Luís Carneiro (atual líder do Partido Socialista). Apertámos brevemente as mãos de Barack Obama e Vladimir Putin. Sim, em 2010 a Rússia foi convidada para a Cimeira da Nato.
Salazar, que tinha imensos defeitos mas logrou não nos envolver como beligerantes na II Guerra Mundial, foi "forçado" pelos Estados Unidos da América (EUA) a integrar, como membro fundador, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Nato). Como resulta dos seus papéis (hoje publicados em A Diplomacia de Salazar, de Bernardo Futscher Pereira, 2012), Salazar desprezava os norte-americanos. Precisamente pela política de America First. Nem a Base das Lajes lhes cedeu: foi cedida aos ingleses em 1943, no quadro da Velha Aliança. Foi pela mão destes, e a nossa presença "forçada" na Nato (que permitiu a Salazar manter no poder o seu regime caduco e anti-democrático), que os EUA desenvolveram a Base das Lajes naquilo que hoje é: um porta-aviões (seja de reabastecimento) no meio do Atlântico Norte.
Salazar ficou também conhecido por ser governado pela sua Maria. A sombra desta permanece, como no velho ditado de que Maria vai com as outras. Este Portugal adormecido, em vez de se atar às compras desenfreadas de material militar estrangeiro, não deveria parar para pensar por qual motivo países do nosso tamanho e membros da União Europeia, como a Irlanda e a Áustria, não integram a Nato? Para que serve o Presidente da República? Onde está, hoje?
Luis Miguel Novais