Riqueza, civilização e prosperidade nacional

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Humildade

Este ano de 2015 é, de alguma forma, o do regresso da humildade. Tanto a nível nacional como a nível internacional.

Desde logo, humildade por termos verificado que somos muito mais permeáveis do que pensávamos às migrações e aos movimentos de refugiados e que, ao fim e ao cabo, o terrorismo também está à nossa porta, e não apenas lá longe nos ecrãs de televisão. Isso torna-nos a todos, os habitantes do planeta, mais humildes e mais próximos do outro, fazendo-nos pensar que o que está a acontecer ao outro também poderia estar a acontecer-nos a nós e, nessa perspetiva, torna-nos mais humildes.

Humildade também, por exemplo, quando observámos uma empresa agressiva que se anunciava como “Das Auto” (“O Automóvel”), a Volkswagen, um potentado, uma empresa que tem um volume de negócios equivalente ao nosso PIB, e que, de repente, felizmente para ela, deixa cair esse slogan porque, entretanto, aconteceu todo este escândalo das emissões poluentes. E, portanto, eu acho que mesmo nestas corporações grandes, que às vezes até se impõem aos Estados, encontrámos mais humildade.

Mais humildade também, por exemplo, no FMI. Que já veio reconhecer que nos tratou mal, que errou, que deveria ter escolhido outro tipo de imposições nas nossas contas.

Mais humildade no nosso ex-primeiro-ministro que esta semana já se veio abster no parlamento, reconhecendo que tinha errado naquilo que fez ao esconder o problema do Banif debaixo do tapete.

E, só para rematar, porque esta é a mensagem do Papa Francisco que, lembro-me, já o ano passado estive aqui a destacar como a personalidade do ano.

Humildade é, por estas e outras razões, a mensagem que eu acho que devemos reter deste ano, cheio de desgraças, mas também, ao fim e ao cabo, o do regresso da humildade.

Luis Miguel Novais

(Extrato de intervenção televisiva no espaço de opinião do Jornal Diário do Porto Canal do dia 26 de dezembro de 2015)