Riqueza, civilização e prosperidade nacional

sábado, 27 de junho de 2015

Eurogregos

Les jeux sont faits, rien ne vas plus... dizem os croupiers dos casinos com a razão que lhes advém da bolinha a saltitar e rolar e saltitar e a rolar na roleta, sabe-se lá onde irá parar... É como, agora, o destino da Grécia na zona euro. E nós, neste Portugal adormecido, com ela. Porém, nem obstante a álea, vamos lá a pensar juntos:

- o Euro é uma moeda a sério (está nos nossos bolsos, plásticos e bits e bytes, e é aceite como câmbio de US$ e GB£, etc.)
- como toda a moeda a sério tem dirigentes sérios (chamamos-lhes Eurogrupo, são os ministros das Finanças Públicas dos 19 países cuja moeda única é o Euro, mais o Banco Central Europeu, mais os chefes de Estado dos ditos países reunidos em Conselho Europeu, e mais um ror de gente paga pelos contribuintes)
- toda a moeda a sério implica que os dirigentes sérios da mesma são soberanos sobre a dita - digo eu.

E isto dito, já não compreendo o que está, nesta altura, o FMI a fazer nas fotografias que passam animadas na minha TV sobre a questão da manutenção da Grécia no Euro. Então os dirigentes sérios do Euro não têm dinheiro para tirar o FMI da minha televisão a este respeito?

Qual será a moeda séria, de países desenvolvidos, que não tem dinheiro para se ver livre do Fundo Monetário Internacional destinado a ajudar os desgraçados e ainda quer continuar a ser tomada a sério?

Portanto, estando o avião a cair, ainda não começaram a tomar medidas de emergência para salvar o todo, porquê?

Ainda não compreenderam que o avião está a cair?

Bom, assumindo que os dirigentes sérios da nossa moeda séria já viram a evidência, como nem duvido, de que estarão à espera para começarem a tratar da salvaguarda do Euro, despedindo-se do FMI e tratando domesticamente (dentro do Euro) de lavar a roupa suja?

Do lado das respostas evidentes, a partir dos enunciados aparentes da minha TV:

- percebe-se que a Quadriga (Merkel, Hollande, Junker, Draghi) que agora dirige a Europa queria mais do mesmo para a Grécia (mesmo sabendo que os remédios até agora tomados não produziram os efeitos desejáveis e desejados, o que nem é caso único no mundo - basta pensar, por exemplo, na Jamaica da década passada ao presente);

-percebe-se que o actual governo grego não quer a continuação da Grécia no Euro;

- percebe-se que no dia 5 de Julho próximo futuro os gregos decidirão se querem, ou não, continuar no Euro.

Está, portanto, aberta a caixa de Pandora, os nossos dirigentes sérios puseram-nos a todos eurogregos.

Como diria Churchill, penso eu, assim com a bolinha a saltitar e rolar e saltitar e a rolar na roleta, nunca tantos eurogregos sofrerão tanto por causa da incompetência de tão poucos.

Luis Miguel Novais