Ando a ouvir um livro muito bonito intitulado Don't Forget We're Here Forever, de Lamorna Ash (muito bem lido pela própria autora). Uma interessante narrativa contemporânea da conversão da jovem autora (da idade da minha filha mais nova) ao cristianismo. Com interessantes factos e mitos resultantes do seu percurso pessoal e, também, de uma série de gente que se pode considerar excêntrica (li numa crítica, "disfuncional"). Em diversas vertentes desta (minha também) complexa religião, que ela muito bem investiga. Atravessando encontros, ritos e dogmas que vão de anglicanos a católicos, passando por evangélicos, sem ordem pré-estabelecida (como é evidente), passando por retiros, ruídos (punk revival) e silêncios vários. A páginas tantas diz algo do género: encontro Cristo entre a humanidade fluindo como o vento entre as árvores.
Interrompi a "leitura" para observar na televisão os pavorosos fogos que consomem lamentavelmente as árvores do meu noroeste da Península Ibérica. E, também estupefacto, a humilhante e improdutiva recepção em Washington D.C. dos líderes dos mais orgulhosos países da Europa (Grã-Bretanha, França, Alemanha e Itália), acompanhados pelos CEO da União Europeia e da Nato, além dos líderes da Ucrânia e da Finlândia. Que terminou sem, sequer, uma declaração conjunta.
Afinal, juntaram-se para ouvir o vento entre as árvores. Enquanto a Rússia continua a bombardear a Ucrânia. Don't Forget We're Here Forever.
Luis Miguel Novais