Riqueza, civilização e prosperidade nacional

sábado, 6 de novembro de 2021

Paris-Glasgow

Da minha juventude recordo as viagens a Londres com meu pai, que aí tinha negócios e decidiu, a partir de certa altura, levar-me com ele de aprendiz de feiticeiro. Era uma cidade coberta com fog, uma capa de nevoeiro constante que a tornava, para mim, irrespirável e, como tal, nada atractiva.

Mais tarde, em viagens a Pequim ou Nova Delhi, por exemplo, aprendi no local que essa capa de nevoeiro que, entretanto, desaparecera de Londres e encontrava nestas grandes cidades, era fruto do desenvolvimento industrial, oriunda das centrais a carvão.

O aspeto mais interessante da Cimeira COP26, que decorre em Glasgow, é que muitos países e organizações comprometeram-se a abandonar o carvão como fonte de produção de energia, fog e efeito estufa. Recomendo a leitura do Global Coal to Clean Power Transition Statement (Aqui).

Além da importância dos países que assumem o compromisso, entre os quais este Portugal adormecido, é importante sublinhar que um tal compromisso não resultava expresso no famoso Acordo de Paris que resultou da COP21, em 2015.

Por efeito natural de mercado, a importante diminuição da procura de carvão baixará o seu preço em tal medida que acabará por tornar a sua exploração mineira insustentável. Pelo que, todos acabaremos por beneficiar, mesmo os cidadãos dos importantes países não subscritores.

Londres é incomparavelmente mais bonita e melhor agora, sem fog. E assim virão a ser, também, Nova Delhi e Pequim. Progresso na caminhada de Paris a Glasgow.

Luis Miguel Novais