Riqueza, civilização e prosperidade nacional

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Valorizar a política

Diálogo via facebook com Pedro Dias (ex-director da Biblioteca Nacional de Portugal):

Luis Miguel Novais - A imprensa divulga factos ou propaganda? Não sabem ler números? Estão na página do parlamento: zero% de redução na subvenção aos partidos políticos para 2013.

Pedro Dias - Creio que li 46 milhões de Euros para financiar as campanhas para as Eleições Autárquicas; ou li mal ? Não houve uma proposta do CDS para diminuir este valor para 20 milhões de Euros ? Ou foi a Comunicação Social que mentiu. Se o Governo corta a zero subsídios a funcionários públicos e reformados, eleva IVA, IRS e IMI a níveis incomportáveis, porque não corta a zero as subvenções para os partidos fazerem eleições. Os partidos não têm militantes que paguem as cotas ? Eu não quero pagar a partido nenhum. Ainda temos de pagar para os ter a arruinar o País. O Governo cortou a "subvenção" em minha casa, para 2013, em cerca de 25%. Cortou nas Universidades; cortou através dos impostos nas reformas, subsídios de alimentação, de nascimento e até de morte. Porque é que para os parasitas dos Partidos Políticos com assento parlamentar não cortou 1 cêntimo e manteve a obscena dotação de 14.853.000 €, além dos já referidos 48.000.000 € para as eleições. Porque é que eu tenho que pagar os almoços e jantares dos líderes partidários, as suas viagens, os seus ordenados, as jantaradas e sabe Deus mais o quê ? Como é que é possível defender este sistema político ? Não há vergonha em atirar para a falência milhares de empresas, mandar para o desemprego mais de um milhão de portugueses, ter 2 milhões de trabalhadores a ganhar menos de 500 € por mês, e gastar isto com quem nos afunda, e sobretudo quem usa o Parlamento como centro de negócios privados, intermediados por deputados que fazem parte de escritórios de advogados, para fabricarem leis que só beneficiam os grandes grupos privados que lhes pagam ou que prometeram pagar, quando acabasse a Legislatura. Valorizar a Política...

Luis Miguel Novais - Valorizar a política é o que fazemos quando não nos calamos. Sou insuspeito de defender o actual sistema, se não não denunciava este péssimo exemplo dos 5 partidos representados no parlamento que, precisamente, deveriam dar o exemplo. A expressão da revolta é melhor do que a revolução. E já derrubou cortinas de ferro. Estamos na fase do deixem-nos trabalhar!

Pedro Dias - Meu Caro Luís. Com todo o respeito e amizade, permito-me discordar contigo neste ponto, até porque temos percursos de vida diferentes. Como contribui (embora muito modestamente) para o eclodir de uma revolução, preparando desde 1969 o terreno para ela, e participei activamente depois num Golpe, considero que só uma revolução nos tira deste lamaçal, mas agora sem cravos, que foi esse o nosso erro.

Luis Miguel Novais - Meu Caro Pedro, pois eu nasci do lado errado da revolução dos cravos e posso garantir-te que não desejo outro tanto para as minhas filhas. A questão dos partidos, no meu modesto entender é simples: a constituição dá-lhes o monopólio da escolha dos candidatos. E nós não participamos nessas, inexistentes, eleições primárias. Por isso é que, como diz um amigo meu, nem tudo é escumalha, mas a escumalha está lá toda. Valorizar a política é fazer-lhes frente.

Luis Miguel Novais