Riqueza, civilização e prosperidade nacional

domingo, 8 de janeiro de 2017

O bochechas foi quase sempre fixe

A linguagem popular do título é parte respeito devido à pessoa e família de Mário Soares, ontem falecido, parte tributo ao homem de Estado democrático, parte esteio de verdade: Soares nem sempre foi fixe, mas será sempre o bochechas para o povo (no qual me incluo), a quem deu voz mediante o voto em eleições livres.

Sem dúvida, Mário Soares será recordado como o rosto com nome universal da terceira república deste Portugal adormecido, na qual vivemos. Assim como Salazar foi o da segunda república e da primeira não ficou bem um, porque ainda não vivíamos na época da imagem amplificada pela televisão e pela internet.

Nem sempre foi fixe (ao contrário do slogan que utilizou em campanha eleitoral), como lhe disse o próprio povo, por exemplo, por meio do resultado das eleições presidenciais: 71% em 1991, 14% em 2006.

A descolonização acelerada e a europeização consequentemente forçada ficarão, também, para a História com as suas bochechas marcadas, como resultará aos historiadores futuros da notável exposição de cartoons sobre as mesmas que organizou, ele próprio, no palácio presidencial.

Como pai da pátria (um destes que se vai renovando ao longo do tempo na História de Portugal), não foi um pai tirano. Teve os seus defeitos, mas foi pai.

Luis Miguel Novais