Riqueza, civilização e prosperidade nacional

domingo, 28 de agosto de 2016

Porque não sou alemão (ainda)

Não sou alemão porque nasci em Portugal, aquele improvável país constituído por uma faixa retangular de terra verde (formato de um campo de futebol, naturalmente), que nasceu no extremo poente da península ibérica há cerca de 900 anos, com este nome e formato, de norte para sul, de uma reconquista das taifas mouras, paralela à dos castelhanos. E assim tem permanecido, independente, com mais ou menos território ultramarino extraeuropeu, contra ventos e marés. Já antes, muito antes, os romanos terão dito que aqui vive um povo que não se governa, nem se deixa governar. O que é verdade, ainda hoje.

Et pour cause, parece-me impossível vir agora uma mutti alemã dizer aos daqui, este extraordinário exemplo de obstinação multisecular que somos os portugueses, como vivermos à alemã (o atual líder do PSD ainda não o percebeu, vai ter de perder outras eleições para ser chamado à realidade). Felizmente este Portugal adormecido tem um Presidente da República em funções que está certamente atento às inacreditáveis movimentações diplomáticas da Alemanha (depois do trio triste veio agora a cimeira em Varsóvia de sexta-feira passada limitada à Polónia, República Checa, Eslováquia e Hungria).

A Alemanha está a fazer o seu trabalho de casa para ter a maioria dos votos na cimeira da União Europeia que terá lugar em Bratislava, capital da Eslováquia, no próximo dia 16 de setembro, com o futuro da União Europeia pós-Brexit na agenda (e o Reino Unido não convocado para a cimeira).

Mas isto, desta maneira, vai colocar uma questão nova, pós-Brexit: em vez de europeus, queremos ser alemães?

Luis Miguel Novais