Iniciámos o ano da nossa maioridade neste milénio com uma verdade pré-anunciada pela imprensa do ano passado (não é gralha, foi mesmo assim): foi atingido o último ponto conhecido do sistema solar, pela nave não-tripulada da Nasa denominada New Horizons. Fantástico, momento histórico, grande vitória da ciência e das explorações da humanidade: chegámos a Ultima Thule, e logo no ano novo!
Imaginemos agora, por um segundo, quanto tempo não terá demorado a chegar a Madrid a porventura equivalente notícia da descoberta da América por Cristóvão Colombo.... E dediquemos ainda outro segundo da nossa vida de ano novo a imaginar quanto tempo não terá demorado a chegar à antena de Madrid do Deep Space Complex da Nasa a comunicação via rádio da New Horizons, provinda de tão longe quanto Ultima Thule, a mais de oito mil milhões de milhas de distância da Terra... Lamento desiludir, mas tendo eu dedicado um pouco da minha curiosidade de novo ano a investigá-lo, na própria página da Nasa sobre as comunicações com a Terra da New Horizons (que já saiu da Terra há 13 anos), é esta mesma Nasa quem admite que, dada a distância e a tecnologia, estas comunicações se fazem a uma velocidade inferior àquela que havia nos Spectrum da infância dos que somos mais velhos; uma velocidade insustentavelmente lenta para qualquer internauta de hoje... E que, no meu modesto entender, torna impossível o tempo do agora anunciado! A não ser que tenham, ainda por cima, descoberto outro ovo de Colombo, se chegámos a Ultima Thule, não há de ter sido hoje, pois não? Senão, como poderíamos sabê-lo precisamente hoje?
Sejamos sérios em 2019. Ao menos na comunicação não propagandística de resultados científicos baseados na credibilidade. Ou acabaremos todos como aquele jogador de futebol que, ainda o ano passado, propagava as suas dúvidas sobre termos alguma vez chegado à Lua.
Luis Miguel Novais
Riqueza, civilização e prosperidade nacional