Gosto muito do nome Marte e seus derivados, incluindo Marta - de resto, assim se chama minha filha mais nova (se a etimologia é, ou não, a correcta não interessa, a ligação é, para mim, evidente). Enfim, gosto. E ainda mais agora, que nos fazem sonhar com o homónimo planeta que fica a seis meses de distância daqui da Terra.
Uma das grandes vantagens do som digital (coisa que nenhum de nós conhecia há uns bons trinta e tal anos, quando eu ainda fazia música), é a sua susceptibilidade de manipulação. Quando, nessa altura, gravávamos maquetes em fita analógica, mal podíamos fazer corta e cola. O cut and paste (não vá alguém ficar perdida na tradução) era mesmo feito com tesoura na fita propriamente dita. Uma complicação. O som assim colado, mais a olho do que a ouvido, ficava, a maior parte das vezes, mastigado. Não funcionava. Directo, ao vivo, era (é ainda) o recurso (e trunfo) maior do analógico. A edição digital não existia. Era tudo muito mais difícil de alterar. De adulterar. De, afinal, re-criar.
Vem tudo isto a propósito dos primeiros sons de Marte, hoje divulgados pela Nasa. Ventos de Marte que recordam o som da árvore que cai só na floresta.
Luis Miguel Novais
Riqueza, civilização e prosperidade nacional